Mestre Vitalino, Zé Caboclo, Manoel Eudócio, Adalton Lopes… Hoje foi dia de as crianças do Grupo 5 se encontrarem com o acervo de Arte Popular do Museu do Pontal! 

Assim que chegou, a turma se reuniu para fazer a colação e em seguida se preparou para adentrar os salões do Museu. 

Pedro Said, arte educador do espaço, recebeu o Grupo em companhia de seu violão e logo conquistou as crianças com brincadeiras e curtos repentes que contam um pouco da história do lugar, como a do responsável pelo levantamento do acervo composto por cerca de 9 mil peças, fruto de 40 anos de pesquisa do designer francês Jacques Van de Beuque. Muito atentas, algumas crianças logo disseram: “Na nossa escola tem uma Jaque também!”. 

Sobre a mudança de local – desde 2021 o Museu ocupa uma nova sede na Barra da Tijuca – um dos meninos perguntou curioso: “Como vocês tiraram tudo isso de lá e trouxeram para cá? Foi de caminhão?” e Pedro, como resposta, os estimulou com mais perguntas: “Foi no caminhão? Ou será que foi no lombo do jegue?”, arrancando uma risada gostosa dos pequenos.  

Em seguida, foram postos alguns combinados com a turma: não correr, não gritar, não ultrapassar a faixa que protege as obras e não encostar as mãos nas obras. Logo uma criança justificou: “É… A argila quebra fácil…”. E emendou com uma pergunta: “Elas já foram no fogão?”, referindo-se à etapa em que as peças são assadas no forno. 

Feitos os combinados, todos passearam pelos salões apreciando as obras e embalados por canções e cantigas populares que costuraram as temáticas retratadas e permearam toda a experiência, como “O peão entrou na roda”, “Quem te ensinou a nadar”, “Boi da cara preta”, “Casa de farinha”, entre tantas outras. 

No percurso, as crianças identificaram materiais utilizados nas obras e viram que os artistas trabalham com o que têm em volta: barro, madeira, bambu etc. 

Além dos materiais, discutiram sobre as cenas do cotidiano retratadas e sobre a tradição de uma arte que passa de geração em geração dentro das famílias, como a obra da artista Andrea, na qual representa sua avó, Dona Izabel – outra mestra do barro com suas mulheres moringas – fazendo uma de suas bonecas.  

Nesse contexto, foram questionadas pelo arte educador: “O que vocês aprenderam com os pais de vocês?”, e uma das crianças respondeu: “Eu aprendi a fazer uma estrelinha!”. 

Na série de figuras não realistas, Pedro perguntou para as crianças: “O que é isso?” E uma delas respondeu: “É uma figura imaginária!”, levando-o a concluir junto com elas: “Na arte a gente pode fazer o que a gente quiser. A gente faz coisas que a gente vê ou coisas que a gente imagina.” Conclusão que foi um gancho para outra série de obras com troncos e raízes nas quais os artistas conseguem enxergar no objeto uma obra, fazendo apenas algumas intervenções pontuais para que as outras pessoas também possam ver o que ele viu.  

Outro ponto alto da visita foram as “engenhocas” de várias obras animadas, revelando “artistas inventores”, criadores de maquinários à manivela ou bateria por “trás” (ou por baixo) de suas peças, dando movimento a elas. 

Ao final da visita, o Grupo ainda se encaminhou para o auditório e participou de uma dramatização da história do Bumba-Meu-Boi, com atuações espontâneas, leves e divertidas. 

As crianças também tiveram a oportunidade de observar uma obra d’Os Gêmeos, exposta permanentemente nos jardins do Museu do Pontal, e rememoraram o período em que tiveram contato com esses artistas, no ano passado.  

Antes de embarcarem na van para o retorno, a turma fez uma rápida visita à horta mantida no espaço e reconheceram algumas espécies de plantas, como o tomate, a berinjela e o alecrim, “Bom para botar na focaccia.”, disse uma das meninas. 

Ao se despedir, Pedro, o arte educador, quis compartilhar suas observações sobre as crianças. Ficou impressionado como elas, tão, pequenas possuem um conhecimento acurado de reconhecimento e comportamento de materiais, de processos pelos quais eles passam, como elas são tão criativas e produzem leituras elaboradas e complexas sobre as obras, características com as quais ele não está habituado a lidar em relação aos outros grupos de visitantes que recebe no Museu. 

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