“Quem não vê bem uma palavra
não pode ver bem uma alma.”
(Fernando Pessoa, s.d.)
O Grupo 5 está a mil em suas pesquisas dentro do tema “As palavras e seus significados” e, para ampliar os horizontes investigativos, contaram com uma parceria muito especial: nossa querida Gisele. Gisele trabalhou conosco por mais de 10 anos e hoje se divide entre Rio e São Paulo, com seu projeto Ateliê de Recursos.
No dia 06 de junho, ela veio encontrar as crianças aqui na Creche para compartilhar uma série de vídeos e fotos que fez na exposição principal do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. Nesse momento, as crianças já ficaram bastante curiosas e um registro de um casal “falando com as mãos” chamou a atenção de uma delas, apresentando ao Grupo a possibilidade de comunicação através da Língua Brasileira de Sinais.
No último dia 29, a turma se encontrou novamente com a Gisele, mas, dessa vez, ela estava em São Paulo. Tanto na parte da manhã quanto na da tarde, as crianças acompanharam ao vivo, pela plataforma Zoom, as visitas guiadas por ela ao Museu da Língua Portuguesa. A exposição principal do museu explora, através de instalações interativas e lúdicas, a língua portuguesa falada por 260 milhões de pessoas no mundo em sua história, influências e em como é elemento fundamental da nossa identidade cultural.
Nos dois momentos, as crianças observaram tanto a parte interna quanto externa do museu. Do lado de fora, árvores e arranha céus integrados com a arquitetura da Estação da Luz, com seu relógio e chão característicos, o trem vermelho e o terraço com “chão com janelas”, espécie de claraboia, conquistaram a turma logo de início: “Eu amei os trens”, “Eu gostei da Estação da Luz com o trem vermelho!”, “Eu nunca tinha visto um trem na minha vida.”
Lá dentro, os tótens luminosos com chuvas de palavras revelou alguns significados para as crianças, que escolheram ver e ouvir sobre a palavra “jabuti” e “samurai”, em português e em suas línguas originais, o tupinambá e o japonês, respectivamente. “A gente coloca o dedo na palavra e faz o som do que está escrito.”, conta uma das crianças.
Na “Rua das palavras” ou “Palavródromo”, muitos poemas visuais animados, jogos de palavras e expressões conquistaram a turma: “reparo que nunca paro”, uma onda gigante formada com a repetição da palavra onda, a palavra “cidade”, contida em tantas outras palavras, como, “simplicidade”, “reciprocidade”, “vivacidade”… Palavras com mesmo significado escritas em várias línguas – “cidade”, “city”, “cité” -, a língua portuguesa e seus diversos e ricos sotaques falados por pessoas de diferentes lugares do Brasil.
E nem a brincadeira de uma ida despretensiosa ao banheiro passou despercebida aos olhares das crianças: “o que são essas bolinhas nas placas?” perguntaram. Gisele as guiou pelas informações nos corrimãos, no chão, nas placas e bebedouro, mostrando e explicando sobre a função das tais bolinhas na sala sobre acessibilidade. E, assim, elas perceberam mais uma forma de comunicação além da Libras: o Braille, sistema de escrita tátil, utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão.
Nada melhor do que apreciar as palavras das crianças sobre essa experiência:
“Eu gostei de tudo.”
“Eu adorei!”
“O museu tinha um trem passando embaixo do teto.”
“O museu é cheio de palavras, luz, corredores grandes e pessoas.”
“Foi muito legal o corredor cheio de letras, parecia o trem passando lá.”
“A palavra ‘onda’ aparece como uma onda.”
“’Palavródromo’ é uma palavra grande pra caramba!”
“Eu li a palavra ‘sapo’, parece até ‘saco’. Rima, né?”
“Sempre nasce uma palavra nova.”
“E a palavra morre também.”
“Tem palavras no mundo inteiro. Os seres humanos inventaram as palavras.”
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